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Jules Verne FAQ

Perguntas mais frequentes

por

Ariel Pérez, Garmt de Vries e Jean-Michel Margot

Tradução portuguesa: Frederico Jácome

As Perguntas

  1. Informação geral
    1. Preciso de informação sobre Júlio Verne. Onde poderei encontrá-la na Internet?
    2. Que organizações se dedicam ao estudo da vida e obra de Júlio Verne?
    3. Quais são as publicações mundiais periódicas mais importantes sobre Júlio Verne?
  2. Perguntas sobre a vida de Júlio Verne
    1. Quando e onde nasceu Júlio Verne?
    2. Herdou Verne de algum dos seus pais as suas habilidades literárias?
    3. Que tipos de trabalhos escreveu Júlio Verne antes de ser mundialmente conhecido?
    4. Quantos anos tinha Júlio Verne quando uma das suas obras se converteu na sua primeira publicação?
    5. Júlio Verne era casado? Teve filhos? Se sim, quantos foram?
    6. Quantos países visitou Júlio Verne?
    7. Em que localidades viveu Júlio Verne?
    8. Tomou Júlio Verne parte activa de algum desenvolvimento social na cidade de Amiens?
    9. Era Júlio Verne anti-semita?
    10. Há uma história de Verne sobre ter fugido de casa e ter embarcado num veleiro quando tinha onze anos. Isto ocorreu realmente?
    11. Ouvi dizer que Verne nunca viajou e que toda a sua inspiração viria da sua imaginação. Será isto possível?
    12. Diz-se que Verne visitou alguns países onde encontrou inspiração para escrever muitas das suas obras. Recentemente provou-se que esta informação é falsa. Qual é a história verdadeira por detrás desta afirmação?
    13. Recentemente visitei o túmulo de Júlio Verne e não encontrei a inscrição "Rumo à Imortalidade e à Eterna Juventude" mas foi me dito que essa frase estava lá escrita. Onde está ela afinal?
    14. Sabia Verne algo sobre o segredo de Rennes-le-Château?
  3. Perguntas sobre as obras de Júlio Verne
    1. Pode mencionar algumas das previsões feitas por Verne?
    2. Pode mencionar algumas das coisas que pensamos que Verne tinha previsto mas que afinal não o tinha feito?
    3. Porque Paris no Século XX foi publicado centro e trinta anos depois de ter sido escrito?
    4. Quem nomeou a sua série de livros de Viagens Extraordinárias e porquê?
    5. Qual foi a primeira Viagem Extraordinária?
    6. Phileas Fogg pensou que tinha perdido a sua aposta quando chegou a Londres. Então, como se explica a sua vitória?
    7. Quais são as suas duas obras mais conhecidas mundialmente?
    8. Quais são as diferenças entre as obras de Verne e de Herbert George Wells?
    9. Que obra levou Verne a um processo judicial?
    10. A que escritor dedicou Verne a sua única análise literária?
    11. Qual foi a primeira obra de Verne levada ao cinema?
    12. Possuo um livro velho publicado no século XIX que é uma primeira edição americana. Quanto poderá valer?
    13. Possuo uma cópia de Clovis Dardentor, autografada pelo próprio Júlio Verne. É este livro especial?
    14. Verne colaborou com alguém para escrever alguma das suas obras?
    15. Encontrei discrepâncias entre datas de três obras escritas por Júlio Verne? É um erro do autor?

As Respostas

A.Informação geral

  1. Preciso de informação sobre Júlio Verne. Onde poderei encontrá-la na Internet?

    Leia esta página de perguntas mais frequentes. Se não encontrar aqui a informação que necessita ou pretende mais informação, existem alguns sites que pode consultar:

     

  2. Que organizações se dedicam ao estudo da vida e obra de Júlio Verne?

    Aqui está uma lista dessas organizações:

     

  3. Quais são as publicações mundiais periódicas mais importantes sobre Júlio Verne?

     

    • Boletim da sociedade Júlio Verne (Bulletin de la Société Jules Verne) de Paris. A primeira edição foi publicada em Novembro de 1935. Devido à Segunda Guerra Mundial, a organização suspendeu as suas actividades. Em 1966, as actividades recomeçaram e foi decidido voltar a editar o boletim, nesta ocasião, sob a direcção de Joseph Laissus. A primeira edição foi publicada entre os meses de Janeiro e Março de 1967. Desde então a sua publicação nunca foi interrompida, e é publicado quatro vezes por ano. Mundialmente, esta publicação é a mais importante.
    • Revista do centro de estudos vernianos e do museu Júlio Verne (Cahiers du Centre d’Etudes verniennes et du Musée Jules Verne), publicada pelo museu Júlio Verne em Nantes. Era editada por Christian Robin, Colette Gallois e pelo pessoal que trabalhava na Biblioteca Municipal e no museu Júlio Verne. A primeira edição data de 1981. A publicação desta revista finalizouem 1997.
    • Revista JV (Revue Jules Verne), editada pelo Centro Internacional Júlio Verne. Actualmente publicam uma revista chamada “J.V”, cuja primeira edição teve quatro páginas e foi publicada em meados da década de oitenta. Em 1996, o Centro decidiu colocar-lhe uma melhor apresentação e dar-lhe um novo título. Agora intitula-se Revue Jules Verne e é publicada duas vezes por ano.
    • Serie JV por Minard, um editor parisiense sem ligação a nenhuma sociedade ou clube, especializado em estudos de nível universitário sobre literatura. Publicou publicações sobre vários autores franceses. Em 1976, começou a publicar uma sobre Júlio Verne. A primeira edição foi dedicada a Le Tour du monde. A última edição apareceu em 1994.
    • De Verniaan. Esta revista é publicada três vezes por ano pela Sociedade Holandesa Júlio Verne. Cada edição dedica-se a uma das obras de Verne. Além disso contém outros artigos.
    • Bilten, o boletim do Clube Júlio Verne em Pazin, Croácia.

     

B. Perguntas sobre a vida de Júlio Verne

  1. Quando e onde nasceu Júlio Verne?

    Júlio Verne nasceu a 8 de Fevereiro de 1828 na ilha Feydeau, na cidade francesa de Nantes. O seu nome completo era Jules Gabriel Verne, e foi o primeiro de cinco filhos nascidos do matrimónio entre o seu pai, Pierre Verne, que era um advogado parisiense proveniente de uma família de juristas da cidade de Provenza e a sua mãe, Sophie Allote de la Fuÿe, de origem bretã e escocesa. Depois do nascimento de Júlio seguiram-se o de Paul em 1829, com quem tinha uma grande aproximidade, e os das três irmãs: Anna em 1836, Mathilde em 1839, e Marie em 1842.

     

  2. Herdou Verne de algum dos seus pais as suas habilidades literárias?

    Nem o seu pai, Pierre Verne, nem a sua mãe, Sophie Allote de la Fuÿe, tinham inclinação para a literatura. Sabe-se que Pierre escreveu algumas canções na sua juventude mas evitou publicitá-las. As suas canções eram cantadas em ambiente familiar e apenas muito poucas foram publicá-las. O pai de Verne obrigou-o a ir para Paris estudar Direito, para que de esta forma substituísse o pai na advocacia em Nantes. Queria que o seu filho fosse advogado e não escritor.

     

  3. Que tipos de trabalhos escreveu Júlio Verne antes de ser mundialmente conhecido?

    Verne escreveu muito na sua juventude. Escreveu poemas, contos, obras de teatro e canções. Algumas delas foram publicadas principalmente numa revista editada em Paris, Verne escreveu muito na sua juventude. Escreveu poemas, contos, obras de teatro e canções. Algumas delas foram publicadas principalmente numa revista editada em Paris, Musée des familles. Alguns anos depois, quando a fama de Verne começou a crescer, muitos dos seus contos e algumas obras de teatro — previamente escolhidas pelo seu editor — apareceram em alguns dos volumes de da série Viagens Extraordinárias. Recentemente publicou-se um livro com todos os seus poemas e canções.

     

  4. Quantos anos tinha Júlio Verne quando uma das suas obras se converteu na sua primeira publicação?

    Júlio Verne teria 35 anos de idade quando Cinco semanas em balão, a sua primeira obra a ser publicada, apareceu em Janeiro de 1863. Tinha escrito a obra no ano 1862, e foi, nesse momento, que começou a visitar algumas casas editoriais parisienses. Depois de alguns dias encontrou a de Jules Hetzel, um dos mais famosos editores da época. Verne mostrou a sua obra intitulada Uma viagem em balão, e o editor parisiense mostrou-lhe quais as correcções necessárias a fazer para que o manuscrito fosse publicado. Finalmente, a publicação teve um grande êxito. Verne tinha entrado num terreno ainda então inexplorado: a Geografia e a Ciência na Literatura.

     

  5. Júlio Verne era casado? Teve filhos? Se sim, quantos foram?

    Sim, Verne era casado. O nome da sua esposa era Honorine Deviane (o seu apelido de solteira era Morel). Em 20 de Maio de 1856 Verne desloca-se à cidade de Amiens para assistir ao casamento de um amigo. Lá, conhece Honorine — uma jovem viúva nascida na cidade com duas filhas — e em 10 de Janeiro de 1857, depois de oito meses de namoro, casaram-se e foram viver para Paris, onde Verne viveu ainda alguns anos. Quatro anos mais tarde, em 3 de Agosto de 1861, nasceu Michel, o seu primeiro e único filho.

     

  6. Quantos países visitou Júlio Verne?

    Em 1859, viajou para a Inglaterra e Escócia, juntamente com o seu amigo Aristide Hignard, seguindo o seguinte itinerário: Bordeaux, Liverpool, Edinburgh, Escócia, Londres, etc. Recentemente publicou-se Viagem à Inglaterra e Escócia, relato escrito a partir das vivências desta viagem.

    Em 1861, Júlio Verne visitou a Escandinávia, especialmente a Noruega e a Dinamarca, novamente com Hignard. Enquanto estava fora, Honorine deu à luz o seu filho Michel.

    Em 1867, Verne e o seu irmão Paul embarcaram no transatlântico Great Eastern com o objectivo de visitar os Estados Unidos. Só permaneceram alguns dias neste país, visitando Nova York e as cataratas de Niagara Falls. As impressões desta viagem reflectiram-se na obra Uma cidade flutuante.

    Em 1872, visitou Londres e Woolwich.

    Entre os anos 1871 e 1873 foi a Jersey, Guernsey, e Sark (convidado por Hetzel).

    Em 1876, fez uma viagem pelo litoral inglês.

    Em 1878, Verne fez uma grande viagem no seu iate, o Saint-Michel III. Visitou Lisboa, Tânger, Gibraltar e Argel.

    Em 1879, navegou novamente a bordo do Saint-Michel III. Desta vez, a viagem foi a Inglaterra e à Escócia. Visitou as cidades de Yarmouth, Edinburgh e Dover.

    Em 1880, visitou a Irlanda, Escócia e Noruega.

    Em 1881, realizou una viagem pelos Países Baixos, Alemanha e Dinamarca, a bordo do Saint-Michel III. Paul Verne escreveu, baseado nestas viagens, uma história titulada De Roterdão a Copenhaga.

    Em 1884, Verne navegou através do Mediterrâneo com o seu iate, o Saint-Michel III, visitando nesta ocasião Argélia, Malta, Itália e outros países inclusive Portugal que já tinha visitado em 1878.

    Em 1887, Júlio Verne fez uma expedição à Bélgica e aos Países Baixos, onde escreveu a historia A família Ratón.


    Saint Michel III

     

  7. Em que localidades viveu Júlio Verne?

    Durante a sua juventude, Júlio Verne, viveu na ilha Feydeau em Nantes. A sua família tinha uma casa de férias em Chantenay, uma cidade perto de Nantes. Em 1847, Verne foi para Paris estudar Direito. Depois do seu matrimónio, a família Verne viveu em Paris durante dois anos, mudando-se posteriormente para a cidade de Auteuil (actualmente uma freguesia de Paris) e mais tarde para Le Crotoy. Em 1871, Júlio estabeleceu-se em Amiens, onde continuou a viver para o resto da sua vida, primeiro no número 23 da Boulevard Guyencourt (1871-1873), depois no número 44 da Boulevard Longueville (1873-1882) e no número 2 da Rue Charles-Dubois (1882-1900) para finalmente regressar à casa situada na Boulevard Longueville onde permaneceu até à sua morte no ano de 1905.


    Rue Charles-Dubois 2

     

  8. Tomou Júlio Verne parte activa de algum desenvolvimento social na cidade de Amiens?

    Em 1888 Júlio Verne foi eleito como membro do Conselho Municipal da cidade de Amiens. Especializou-se nos assuntos culturais, como teatros, escolas e urbanismo. Inaugurou o Circo Municipal em 1889. Verne foi reeleito como conselheiro municipal da cidade em 1892, 1896 e 1900.


    Circo Municipal

     

  9. Era Júlio Verne anti-semita?

    Sim, foi. Muitos dos escritores que viveram na sua época o foram. Era algo normal fazer declarações contra judeus, alemães, índios e outras raças. Além disso, este tipo de personagem era típico na literatura do século XIX. A sociedade católica e burguesa da sua época tinha ensinado todos a pensar dessa maneira. Em defesa do autor francês, muitos disseram que Verne não era um anti-semita como outros escritores que viveram no seu tempo. A imagem do Verne anti-semita deve-se, em grande medida, à personagem Isac Hakhabut na sua obra Héctor Servadac. É importante salientar que a palavra “anti-semita”, neste contexto, não tem a conotação de destruição e Holocausto que adquiriu depois da Segunda Guerra Mundial.

     

  10. Há uma história de Verne sobre ter fugido de casa e ter embarcado num veleiro quando tinha onze anos. Isto ocorreu realmente?

    Durante muito tempo se disse que quando era apenas um menino, Verne ocupou um lugar no barco La Coralie, que partia para a Índia, com o objectivo de trazer para a sua prima Caroline, de quem estava apaixonado, um colar de coral. Esta história foi apresentada pela primeira vez por Marguerite Allotte de la Füye na sua biografia sobre o autor francês. Recentemente, descobriu-se que a história era falsa. Todos os detalhes dados por ela são impossíveis. Além disso, ela escreveu duas versões contraditórias da história. Apesar disso, há algo de verdade nesta lenda, dado que Volker Dehs cita uma fonte de 1909, Paul Eudel, onde diz que na idade de onze anos, o jovem Júlio em certa altura tomou um pequeno bote e tentou alcançar o Octavie, que tinha como destino a Índia.

     

  11. Ouvi dizer que Verne nunca viajou e que toda a sua inspiração viria da sua imaginação. Será isto possível?

    Desconhece-se quando foi a primeira vez que este mito foi propagado, mas podemos assegurar que esta afirmação é completamente falsa. Verne viajou muito. Pode ver-se - nesta mesma página - na pergunta B6 a lista dos países que Verne visitou. Não obstante, Verne escreveu muitas das suas obras usando as datas que encontrava nos muitos jornais periódicos que lia diariamente. Desta forma, pode descrever grandes extensões de territórios de alguns países que nunca viu nem visitou.

     

  12. Diz-se que Verne visitou alguns países onde encontrou inspiração para escrever muitas das suas obras. Recentemente provou-se que esta informação é falsa. Qual é a história verdadeira por detrás desta afirmação?

    Esta é uma frase comum de muitos países. Em alguns deles diz-se que Verne encontrou inspiração para algumas das suas obras enquanto estava a visitar os seus países. Esta afirmação tem sido dita recentemente por pessoas da Eslováquia, Suiça e Turquia. A verdade é que Verne nunca visitou nenhum desses países e é muito provável que estes mitos tenham tido a sua origem nas excelentes descrições que o autor havia feito. Para mais informação e detalhes sobre os mitos e lendas acerca de Júlio Verne, recomendamos que visite a página disponível no endereço: http://www.phys.uu.nl/~gdevries/myths/.

     

  13. Recentemente visitei o túmulo de Júlio Verne e não encontrei a inscrição “Rumo à Imortalidade e à Eterna Juventude” mas foi me dito que essa frase estava lá escrita. Onde está ela afinal?

    Este é um dos mitos mais divulgados acerca de Júlio Verne. O túmulo, no cemitério de la Madeleine, em Amiens, tem, os nomes de Júlio e Honorine na sua lápide. Além disso, existe também, uma escultura feita pelo escultor local Albert Roze em 1907, construída no sepulcro, que tem a imagem de Júlio Verne que emerge do seu próprio túmulo e levanta a sua mão direita em direcção ao céu. “Rumo à Imortalidade e à Eterna Juventude” (Vers l’immortalité et l’éternelle jeunesse) é o nome desta escultura. Não está escrito em nenhum lugar.

     

  14. Sabia Verne algo sobre o segredo de Rennes-le-Château?

    Não. Este mito surgiu logo depois da publicação de “Júlio Verne: iniciado e iniciador” (Jules Verne: initié et initiateur), um livro de Michel Lamy. O autor tentou demonstrar no seu livro que Júlio Verne estava associado a alguma sociedade esotérica, e discute, de forma extensiva, as razões que levam Júlio Verne a dar algumas pistas sobre o tesouro real de Rennes-le-Château na sua obra Clovis Dardentor.

 

C. Perguntas sobre a obra de Júlio Verne

  1. Pode mencionar algumas das previsões feitas por Verne?

    Não somos a favor de uma imagem de Verne profeta e como se pode notar existe uma grande diferença entre prever e descrever. Uma previsão é uma referência a algo que ainda não ocorreu até então. Uma descrição, neste caso, pode ser definida como uma referência a algo que já tenha sido previamente descrita por outros. A seguir, uma lista das mais famosas descrições feitas por Júlio Verne nos seus livros, e que foram logo consideradas como previsões:

     

  2. 1.Pode mencionar algumas das coisas que pensamos que Verne tinha previsto mas que afinal não o tinha feito?

    A seguir uma lista de algumas coisas que as pessoas pensavam que Verne tinha previsto, mas que afinal nunca mencionou nos seus livros.

     

  3. Porque Paris no Século XX foi publicado centro e trinta anos depois de ter sido escrito?

    Júlio Verne escreveu Paris no século XX no ano de 1863. Logo depois, enviou o manuscrito a Hetzel que se negou a publicá-lo, alegando que o tema da obra era muito pessimista, e que esta obra poderia trazer uma má reputação a Verne como escritor. Esta foi a razão pela qual Hetzel não publicou o manuscrito. Depois desta rejeição, Verne guardou a obra e esperou uma melhor oportunidade que nunca chegou. A família guardou o manuscrito secretamente, nem mesmo os estudiosos de Verne sabiam da sua existência. Finalmente, foi descoberto em 1990 pelo tetraneto de Verne que o encontrou num cofre-forte que pertencia a Michel. Em 1994 a editorial francesa Hachette publicou o livro e imediatamente foi um grande êxito de vendas.

     

  4. Quem nomeou a sua série de livros de Viagens Extraordinárias e porquê?

    Foi o seu editor, Jules Hetzel, quem deu o nome a essa colecção. Já tinham sido publicadas três obras com êxito, quando Hetzel teve a ideia de colocar um título à colecção. No prólogo de Aventuras do capitão Hatteras, Hetzel escreveu que o propósito das Viagens Extraordinárias era “resumir todos os conhecimentos geográficos, geológicos, físicos e astronómicos elaborados pala ciência moderna e contar, de forma atractiva, a história do Universo”

     

  5. Qual foi a primeira Viagem Extraordinária?

    A primeira obra pertencente à série Viagens Extraordinários é a obra Aventuras do capitão Hatteras, se tivermos em conta que Hetzel começou a nomear a série a partir da publicação desta obra.

     

  6. Phileas Fogg pensou que tinha perdido a sua aposta quando chegou a Londres. Então, como se explica a sua vitória?

    Phileas Fogg partiu de Londres a 2 de Outubro de 1872, às 20:45. Depois de visitar vários países à volta do mundo, Phileas pensava que tinha chegado a Londres a 21 de Dezembro às 20:50, com um atraso de cinco minutos. Portanto, pensou que tinha perdido a sua aposta. Logo em seguida, Fogg descobre que afinal tinha chegado a 20 de Dezembro às 20:50, demorando apenas 79 dias a dar a volta ao mundo ganhando então a sua aposta! A explicação deste final é a seguinte: Phileas, sem saber, tinha avançado um dia pois viajou sempre para Este. À medida que Fogg aumentava um grau em direcção a Este, ganhava quatro minutos. Como sabemos, a circunferência da Terra tem 360 graus, então 360×4=1440 minutos, que é igual a 24 horas!

     

  7. Quais são as suas duas obras mais conhecidas mundialmente?

    Os dois títulos mais conhecidos são Vinte mil léguas submarinas e A volta ao mundo em oitenta dias. Ambas foram adaptadas ao teatro, ao cinema, a séries televisivas, e publicadas em vários idiomas.

     

  8. Quais são as diferenças entre as obras de Verne e de Herbert George Wells?

    Júlio Verne escreveu principalmente aventuras, Wells escreveu ficção científica. Wells é o verdadeiro “pai da ficção científica”. Verne descrevia as suas máquinas baseado no conhecimento científico já existente na sua época, e pegava nessa ideia e desenvolvia-a. Verne explicava muito bem e com imensos detalhes as suas invenções. Por outro lado, Wells inventava as suas máquinas completamente e não se baseava em nenhum conhecimento científico existente na altura. As suas máquinas eram construídas com materiais que não existiam, e os fenómenos que ocorriam nos seus textos pertencem totalmente ao campo da ficção científica.  

     

  9. Que obra levou Verne a um processo judicial?

    Devido ao êxito, Verne teve que enfrentar os ataques dos medíocres escritores. O primeiro, Edoaurd Cadol pretendia ser o co-autor da obra A volta ao mundo em oitenta dias depois de ter tido uma breve e infrutífera colaboração com Verne para escrever uma obra de teatro, antes da publicação da obra. Não houve julgamento, mas Cadol obteve tantos direitos sobre a peça como o próprio Verne.

    Logo depois da publicação de Viagem ao centro da Terra, Verne foi atacado por Léon Delmas, que tinha publicado alguns contos sob o nome de René de Pont-Jest. Delmas acusou Verne de ter plagiado a sua história La tête de Mimer que tinha sido publicada numa revista que Verne afirmou nunca ter lido. O “plágio” foi apenas uma semelhança na descrição de uma das passagens da obra viagem ao centro da Terra. Enquanto Pont-Jest falava na sua história da sombra lunar, Verne mencionava no seu livro a sombra solar. O julgamento foi em 1877 e Verne foi declarado inocente.

    Em Em frente da bandeira, escrita em 1897, Júlio Verne descreve Tomás Roch, um inventor, cujo carácter foi inspirado no químico francês Eugène Turpin, que tinha inventado o ácido pícrico (um explosivo), e tinha tentado vende-la ao governo francês em 1885. Mas o governo recusou. Na obra, Roch sofre uma grande depressão nervosa depois de vários países se terem recusado a comprar a sua invenção. Na correspondência entre Verne e o seu irmão Paul, Julio refere-se frequentemente a “o Turpin”, quando se referia à personagem Roch na obra Em frente da bandeira. O personagem de Verne tinha muitas parecenças com Turpin, sendo este o motivo pelo qual Eugène levou Verne a julgamento, tendo sido defendido por Raymond Poncairé. Verne foi declarado inocente. Entretanto, numa carta que Júlio escreveu ao seu irmão Paul, é dito que realmente se tinha baseado em Turpin para a personagem de Roch.

     

  10. A que escritor dedicou Verne a sua única análise literária?

    Júlio Verne publicou em 1864 na revista Musée des familles um artigo de quatro capítulos chamado Edgar Poe e as suas obras. Verne fez uma profunda análise dos trabalhos do famoso escritor norte-americano Edgar Allan Poe. De facto, A esfinge dos gelos, uma das obras escritas por Verne, é uma continuação da obra Aventuras de Arthur Gordon Pym, escrita por Poe. Também se diz que Verne se inspirou no conto de Poe, Três domingos por semana para escrever o seu famoso livro A volta ao mundo em oitenta dias. Além disso, os criptogramas e as mensagens secretas que desempenharam um papel importante dentro das obras Viagem ao centro da Terra, A jangada e até em Os filhos do capitão Grant puderam ter sido inspirados num conto de Poe intitulado O escaravelho de ouro.

     

  11. Qual foi a primeira obra de Verne levada ao cinema?

    Foi Da Terra à Lua. Foi nesta obra que se inspirou Georges Méliès para filmar em 1902, um filme intitulado Voyage dans la Lune.

     

  12. Possuo um livro velho publicado no século XIX que é uma primeira edição americana. Quanto poderá valer?

    Não sabemos. O valor pode variar. Depende de muitas coisas: o estado do livro (novo ou usado), a edição, etc. Além disso, um livro velho é raramente a primeira edição. O termo “primeira edição” tem um significado muito especial. Por exemplo, uma edição original de um livro escrito por Júlio Verne não é a mesma que a de um livro ilustrado. Para melhor informação, sugerimos que consulte um vendedor de livros.

     

  13. Possuo uma cópia de Clovis Dardentor, autografada pelo próprio Júlio Verne. É este livro especial?

    Não. Esta assinatura foi reproduzida em todas as cópias desta obra, na edição original. Todas as edições in-octavo de Hetzel de Clovis Dartentor têm impressa a assinatura de Júlio Verne na primeira página. O escritor francês dedicou este livro aos três netos.

     

  14. 1.Verne colaborou com alguém para escrever alguma das suas obras?

    Sim. Verne colaborou com Adolphe d’Ennery, que levou as obras de Verne ao teatro. Também colaborou com Gabriel Marcel, quando estava a escrever a sua História das grandes viagens e dos grandes navegadores. Marcel era um bibliotecário proveniente da Biblioteca Nacional de Paris. Verne falava e lia apenas em francês e uma grande parte da informação a consultar estava escrita noutros idiomas. Por todas estas razões, foi necessário que Verne organizasse um trabalho de equipa com Marcel. Também colaboraram quando Verne estava a escrever La conquête économique et scientifique du globe, apesar de este trabalho nunca ter sido terminado, nem publicado. Além disso, diz-se que Verne escreveu uma obra intitulada O náufrago do Cynthia (esta obra não pertence à série das Viagens Extraordinárias) com a colaboração de André Laurie (pseudónimo de Paschal Grousset), mas recentemente provou-se que Júlio apenas fez um trabalho de validação do texto escrito por Paschal e que Hetzel colocou o nome de Verne apenas para fins estritamente comerciais. Antes disso, Verne tinha modificado profundamente dois manuscritos escritos por André Laurie, os quais se converterão em Os 500 milhões da Begum e A estrela do sul. Para além disso, Verne colaborou com Théophile Lavallée quando este último estava a escrever Geografia ilustrada de França e suas colónias. Théophile morreu em 1866 tendo apenas escrito a introdução, e por isso Hetzel pediu a Verne que finalizasse o trabalho. Para sermos completos, devemos mencionar o grande número de colaborações que Verne recebeu para escrever muitas das suas obras. Algumas delas são conhecidas; por exemplo, aquelas que recebeu de dois matemáticos: o seu primo Henri Garcet e Albert Badoureau. O primeiro fez todos os cálculos necessários para Da Terra à Lua e o último ajudou com os seus cálculos na obra Fora dos Eixos. Paul Verne, seu irmão, foi outro dos seus colaboradores, ajudando em todos os detalhes referentes ao mar e ao mundo marinho. Finalmente, Hetzel deve ser também considerado como um colaborador regular, sendo o primeiro leitor e crítico dos manuscritos de Verne. A correspondência entre eles — actualmente está sendo publicada — e a análise dos manuscritos originais mostram que Hetzel fez muitas sugestões e que ele próprio impôs muitas mudanças nas obras, modificando profundamente o manuscrito original.

     

  15. Encontrei discrepâncias entre datas de três obras escritas por Júlio Verne? É um erro do autor?

    Esta discrepância não foi um erro de Júlio Verne. À primeira vista, parece que Verne cometeu um erro quando quis fazer coincidir a acção de três das suas obras: Os filhos do capitão Grant, Vinte mil léguas submarinas e A ilha misteriosa. Em Os filhos do capitão Grant, a história desenrola-se entre os anos 1864 e 1865. Exactamente, no mês de Março do ano 1865, o malvado Ayrton é abandonado numa ilha. Em A ilha misteriosa, a acção desenrola-se entre 1865 e 1869. Foi em Dezembro de 1866 que Ciro Smith e os seus amigos encontraram Ayrton, que declarou ter sido abandonado na ilha há doze anos, ou seja, em 1854. Quando Ayrton conta a sua história, este situa a acção entre 1854 e 1855, tendo sido abandonado no dia 18 de Março de 1855, ou seja, dez anos antes da data mencionada em Os filhos do capitão Grant. Além disso, no final de A ilha misteriosa, cuja acção nesta altura se desenrola em 1869, Ciro Smith diz a Nemo que o conhecia pois tinha lido o livro escrito por Aronnax quando este estava a bordo do Nautilus. Então Nemo confirma que haviam passado dezasseis anos desde que este francês abandonou o Nautilus. Isto leva-nos ao ano de 1853 mas a acção de Vinte mil léguas submarinas passa-se em 1866. A verdade é que tanto Hetzel como Verne conheciam a existência desta discrepância e aceitaram-na. Hetzel colocou duas notas na edição original francesa de A ilha misteriosa onde admitia a discrepância de datas em Os filhos do capitão Grant e Vinte mil léguas submarinas. A primeira nota faz parte do capítulo XVII do segundo volume. Lá, Ayrton conta a sua história a Ciro Smith. A nota no final da página diz que os acontecimentos que Ayrton narra, são tirados duma anterior obra já publicada e intitulada Os filhos do capitão Grant, e acrescenta que os leitores compreenderão a razão por que as verdadeiras datas não puderam ser originalmente dadas. A segunda nota aparece no capítulo XVI do terceiro volume. No final da obra, Nemo conta a sua historia, e é então que aparece a nota aceitando a discrepância entre as datas de Vinte mil léguas submarinas e as de A ilha misteriosa, e o leitor é recomendado que veja a nota anterior publicada no segundo volume.

     


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